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Pela primeira vez o Slam Br, a principal competição de poesia falada do Brasil, contou com um finalista surdo. Edinho Santos, aliado à voz do cantor e poeta James Bantu, ultrapassaram o circuito dos saraus em libras. A conquista ganhou destaque no vídeo documental “O Silêncio e a Fúria: poetas do corpo”, produzido pela revista Trip.
Desde criança Edinho tentava explicar como se sentia. “Mas só com a poesia falo o que antes não entendiam”, conta no vídeo.. Bantu, por sua vez, lembra que ao ser convidado a ler as poesias do parceiro decidiu arriscar. “Quando ele me convidou eu pensei: se tiver que ler, que eu leia o Edinho!”
E assim, numa troca de saberes, a dupla encontrou o caminho do ritmo, da expressão e do sentimento. Edinho mostra como a poesia se tornou seu manifesto e questiona: “Por que tudo tem que ser só focado para ouvinte, ouvinte, ouvinte?”
A parceria com Bantu foi resultado de uma disposição prévia. “As duas pessoas precisam estar abertas para que a poesia aconteça”. James se dispôs: “Quis me arriscar a entender e sentir aquilo que ele tava dizendo, aquilo que é a expressão dele. Ai, eu fiquei vendo, olhando, olhando, olhando. E entendi!”
Para que a dinâmica se concretizasse, foi fundamental também a participação da intérprete de Libras, Erika Mota. “A rima na língua de sinais está na configuração de mãos, no ritmo. Eu busco sempre entender o corpo de quem está falando”, diz no vídeo, sempre em palavras faladas e sinalizadas. “Junta tudo isso e fica bonito. Dá certo. Toca.” É verdade, toca mesmo.
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