É oportunidade para fugir do circuito de museus e centros culturais e conhecer de perto a rica produção artística das quebradas
Os
saraus artísticos que hoje se alastram nas periferias de São Paulo
e de todo o Brasil fazem parte de um movimento que não é tão
recente. No bairro do Jardim Monte Azul, na Zona Sul paulistana, o
Sarau Versos em Versos comemora cinco anos de encontros mensais
poéticos. Ao longo das 60 apresentações, talentos foram revelados
e a comunidade passou a criar, produzir e lançar seus próprios
livros, músicas, vídeos, clipes e protagonizar todo tipo de
performance artística.
O
local, ignorado pelo circuito cultural, hoje é um polo de produção
de arte. Uma amostra deste rico repertório poderá ser vista na
próxima sexta-feira (20/10), a partir das 19 horas. A celebração
será realizada no escadão cultural que durante o dia serve de
passagem para ruas com escolas e nesta noite será o palco da
quebrada.
O
evento vai contar com apresentações de artistas locais como a
poetisa Aline Anaya, que em seus versos questiona visceralmente temas
como o machismo e o racismo, e o professor de português Isac
Andrade, que traz assuntos da atualidade em cordel. “O Versos em
Versos é uma vivência, sempre com surpresa e partilha livre de
conhecimentos e criações”,
explica Jaime Diko Lopes, um dos membros do coletivo.
De
previsto, está a apresentação musical do cantor e compositor James
Bantu que, com voz e violão, traduz com sensibilidade sua
ancestralidade afro. A jazzista Izzy Gordon, cantora consagrada entre
os grandes nomes da bossa nova, fará participação especial. A
presença do músico Salloma Salomão, historiador que se associou a
outros produtores da Zona Sul para lançar artistas independentes,
vai reforçar a tese de que a região é um seleiro musical.
A
produção periférica ainda estará contemplada em livros; com o
lançamento de “Motumba”, da escritora Mayana Vieira, com poesia
voltada para a visibilidade de questões de sua condição de mulher
negra e lésbica, e nos versos de “Dente de Leão” de autoria do
poeta e ator Andrio Candido. Para completar o panorama artístico,
haverá mostra fotográfica e até exposição-viva de pinturas
corporais da arte de Ori, usada em festividades africanas.
Em
harmonia com os conceitos de economia solidária – cuja produção,
distribuição e consumo de riquezas são pautados na valorização
das pessoas – o sarau Verso em Versos promoverá venda de produtos
produzidos na quebrada. Além de camisetas dos coletivos da área,
estarão por lá os famosos pastéis da tia Nice, com caprichados
recheios de banana com canela e goiabada com queijo. As confeiteiras
itinerantes da marca Dún Ayaba também prometem resgatar memórias
afetivas com bolo de banana, arroz-doce ou pão-de-mel com o tempero
das nossas avós. Para brindar, Drink Poesia com ingredientes
orgânicos e inspiração de poetas marginais.
“Nossa
celebração foi inspirada nos saraus mais antigos, na velha-guarda
que representa os guardiães do saberes; nossos griôs de quebrada”,
conta Diko, em referência à tradição oral dos contadores de
histórias da África. “Diante deles somos erês urbanos;
aprendizes de todos os saraus que acontecem nas periferias do Brasil.
Nos orgulhamos de o Verso em Versos fazer parte desse circuito que se
multiplica a todo momento em becos e vielas. É uma ponte que
atravessa o rio.”
SERVIÇO: 5 anos
do Sarau Verso em Versos
Sexta-feira, 20 de
outubro, a partir das 19h
Onde: Escadão
Cultural do Jardim Monte Azul (Zona Sul) –
Rua Domingos Marques,
s/n (a 800 metros da estação do metrô Giovanni Gronchi, próximo à
Escola Estadual Professor Renato Braga)
Informações:
(11) 98192-6297
versoemversos@gmail.com
LINK DO EVENTIO
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